
Imagine ouvir um canto ecoando pelas profundezas do oceano, viajando por quilômetros e conectando seres gigantescos em um balé marinho ancestral. Essa é apenas uma das maravilhas das baleias jubarte — criaturas que vão muito além do que já se contou por aí.
Elas são estrelas dos mares brasileiros, entre julho e novembro, quando migram para águas tropicais em busca de águas mais calmas e quentes: um bom lugar para acasalar e ter seus filhotes.
Mas o que há por trás desse espetáculo da natureza que ainda não te contaram?
1. As baleias jubarte são grandes contadoras de histórias (musicais)
Você sabia que só os machos cantam? E que eles repetem o mesmo canto por meses, com versos que podem durar até 30 minutos? Mais incrível: baleias de uma mesma região entoam a mesma “canção”, que vai mudando aos poucos a cada ano, como se todos estivessem compondo juntos. É como se o oceano fosse um palco e cada canto, um capítulo de uma história que só elas compreendem.
O canto das jubartes é uma das formas mais fascinantes de comunicação no reino animal. As canções, compostas por padrões rítmicos e melódicos, desempenham papéis cruciais na vida social e reprodutiva dessas baleias. Além de atrair fêmeas durante a temporada de acasalamento, o canto pode servir para demarcar território e evitar confrontos entre machos.
Estudos sugerem que as baleias-jubarte podem compartilhar as mesmas canções, mesmo estando a 8 mil quilômetros de distância umas das outras. Um relatório publicado pela Universidade de Queensland, da Austrália, revelou que baleias jubarte podem compartilhar as mesmas canções, ainda que a 8 mil quilômetros de distância umas das outras.
2. Jubartes: as pioneiras da observação de baleias no mundo
Se hoje milhões de pessoas ao redor do mundo se emocionam ao ver uma baleia de perto, devemos muito às jubartes. Foi essa espécie, com seu comportamento ativo, que ajudou a consolidar a observação de baleias como uma prática segura, educativa e transformadora.
Foi na década de 1950, no Havaí, que os primeiros passeios de observação com foco nas jubartes começaram — e logo se espalharam para países como Austrália, Canadá, África do Sul e, claro, o Brasil.
De acordo com a Comissão Internacional da Baleia, as jubartes são uma das espécies mais observadas e estudadas no mundo, sendo o foco de operações de observação de baleias em diversos países. No Brasil, a atividade teve início no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, na Bahia, em 1988, com os primeiros passeios para observar jubartes. Desde então, a prática se expandiu para várias outras cidades costeiras, promovendo o ecoturismo e a conscientização sobre a conservação marinha.
3. Não são só saltos — são mensagens
Aquelas acrobacias impressionantes que arrancam suspiros nos passeios de observação não são apenas demonstrações de força ou beleza. Saltar fora d’água, bater as nadadeiras ou a cauda com força são formas de comunicação. Podem ser chamados de atenção, alertas, flertes… No fundo, as baleias têm uma linguagem própria e a gente ainda está só começando a aprender a ouvi-las.
De acordo com o Projeto Baleia Jubarte, os saltos podem ser multifuncionais, servindo como estratégia de comunicação para chamar a atenção de outros indivíduos ou grupos. Além disso, o salto pode ser uma forma de eliminar parasitas e cracas que ficam aderidas ao corpo da baleia, ou ainda uma oportunidade de observar o que acontece sobre a superfície.
Nos grupos de fêmeas com filhote, este comportamento provavelmente possui um significado diferente: durante muitas observações, normalmente é o filhote quem inicia uma série de saltos maravilhosos, logo seguidos pela mãe e, algumas vezes, sincronizados com ela. Isto pode ser porque os exercícios tonificam o corpo do filhote e o preparam para a longa jornada de migração até as áreas de alimentação na Antártida.
4. Elas quase desapareceram (e ainda precisam de proteção)
Durante o século XX, as jubartes estiveram à beira da extinção por causa da caça comercial. No Brasil, a caça foi proibida em 1987, e a população vem se recuperando desde então. Hoje, o litoral da Bahia, do Espírito Santo, do Rio de Janeiro e até de São Paulo se tornam cenários de reencontros com esses gigantes. Mas elas ainda enfrentam ameaças: colisões com embarcações, emaranhamento em redes e mudanças climáticas seguem como riscos reais.
A boa notícia é que, mesmo diante desses desafios, as jubartes têm reaparecido em números impressionantes. Estimativas apontam que em torno de 25 mil baleias migram anualmente para o litoral brasileiro, e regiões como Abrolhos (BA) e Vitória (ES) se destacam como berçários naturais. É cada vez mais comum ver fêmeas com seus filhotes nessas áreas protegidas, sinal de que os esforços de conservação têm dado resultado.
5. Ver uma baleia muda alguma coisa em você
É difícil descrever o que se sente ao ver uma baleia-jubarte pela primeira vez. É uma mistura de encantamento, curiosidadee um tipo de reconexão com algo essencial.
A observação de animais tão grandiosos quanto as baleias-jubarte, em seu habitat natural, mas a poucos quilômetros de onde nós mesmos moramos, pode ser uma experiência transformadora.
É uma chance rara de se aproximar do oceano com um novo olhar — não apenas como espectador, mas como parte de algo maior. Para quem sente o chamado de viver essa conexão de forma profunda e consciente, a Natura Ecoturismo oferece muito mais do que um passeio: oferece participação ativa na conservação.
E estamos com vagas abertas para o cruzeiro científico “As Baleias de Abrolhos“, uma expedição de 3 dias e 2 noites em parceria com o Projeto Baleia Jubarte. Durante a viagem, os participantes acompanham pesquisadores em atividades como foto-identificação, bioacústica, coleta de tecidos biológicos e estudos comportamentais, além de explorar o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos por terra e mar.
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Viajar com consciência é também uma forma de conservação. E aqui na Natura Ecoturismo, acreditamos que experiências de conexão com a natureza podem transformar. Que tal começar pelas águas profundas e pelos cantos que só as baleias conhecem?